Eis a premissa da obra na qual termino o deleite de sua leitura poucos dias atrás e indico no blog. Para ser franco, trata-se de uma experiência que apareceu inopinadamente diante de mim. Desde que li "São Bernardo" de Graciliano Ramos, venho me interrogando e procuro localizar o limite do processo de "coisificação" dos seres - e parece que finalmente estou próximo de encontrar uma resposta sólida.
Mas é claro que esse livro não se resume ao que frisei anteriormente. Basta perceber que é datado de 1912, ou seja, bem próximo ao começo da Primeira Guerra Mundial - informação que deixa nítida a idéia de crise existencial, religiosa e emocional que pairou sobre o período citado.
Kafka, brilhantemente, nos expõe a uma situação que faz brotar vários questionamentos: a transformação do caixeiro-viajante Gregor Samsa em um inseto.
O autor nos mostra primeiramente o quadro de isolamento humano em sua plenitude. No momento seguinte, aproveita para expor toda sua raiva e indignação ao caracterizar o comportamento da família de Gregor pós-metamorforse. Logo no momento em que o caixeiro mais precisava...
Aos poucos, o protagonista se torna um ser em completo descaso consigo e com o mundo, definitivamente acomodado em sua nova condição. Diante do completo abandono e confinamento, um sacrifício ganhar vez na trama. Esse sacrifício e transformação na própria carne para salvar o outro, mesmo que às vezes sem se dar conta disso, aparece de forma extrema na “ A Metamorfose”. Assim, podemos nos questionar sobre qual é o real valor do ser humano perante a sociedade e até mesmo perante os seus.
Escutando: The Bravery - The Ocean